Testosterona Alta: Existe Benefício Real em Manter Níveis no Limite Superior?

Por Dr. Pedro Bastos Guimarães de Almeida
Urologista – CRM-MG 48089 | RQE 31390
Especialista em saúde masculina e reposição hormonal baseada em evidência.


O dilema da testosterona “otimizada”

A ideia de manter testosterona total entre 800 e 1000 ng/dL tem se popularizado em clínicas de modulação hormonal. Mas será que há real benefício clínico em manter os níveis nesse patamar — ou isso é apenas mais um mito moderno?

Neste artigo, vamos analisar o que dizem os principais estudos sobre reposição hormonal, com foco especial nos Testosterone Trials, publicados no The New England Journal of Medicine.


O que são os Testosterone Trials?

Publicado em 2016 no NEJM, esse foi o maior e mais respeitado estudo sobre terapia de reposição hormonal em homens mais velhos com hipogonadismo relacionado à idade.

Resumo do estudo:

  • Participantes: 790 homens com mais de 65 anos
  • Critérios: testosterona total < 275 ng/dL + sintomas clínicos (baixa libido, cansaço, disfunção erétil)
  • Intervenção: gel de testosterona diário por 12 meses
  • Objetivo: avaliar função sexual, física, humor e segurança

Resultados principais

  • Função sexual: melhora significativa (atividade sexual, desejo, ereção)
  • Função física: melhora modesta (distância de caminhada)
  • ⚠️ Vitalidade: sem melhora expressiva
  • 🙂 Humor/depressão: melhora leve
  • 🛡️ Segurança: sem aumento de eventos adversos relevantes

Importante: os níveis de testosterona foram restaurados para uma faixa média-normal de 500–700 ng/dL. Nenhum paciente foi mantido acima de 800 ng/dL.


Existe benefício em manter testosterona entre 800–1000 ng/dL?

Apesar da crença de que “mais testosterona = mais performance”, não há evidência científica que comprove benefício adicional acima de 700 ng/dL em homens com sintomas resolvidos.

Pelo contrário, os riscos aumentam:

  • Policitemia (hematócrito elevado)
  • Supressão do eixo hormonal (infertilidade)
  • Estímulo prostático (elevação do PSA)
  • Potencial risco cardiovascular em grupos predispostos

O que dizem as diretrizes?

  • AUA (American Urological Association): reposição indicada com testosterona < 300 ng/dL + sintomas. Manter em faixa fisiológica (400–700 ng/dL).
  • Endocrine Society e SLAMS: contraindicam uso com finalidade de “otimização supranormal”.

📌 Reposição deve ser sempre personalizada, segura e monitorada.


Conclusão: o equilíbrio importa mais que o número

A reposição de testosterona traz benefícios reais quando bem indicada. Mas manter níveis artificialmente elevados não é sustentado pela ciência — e pode, sim, trazer riscos evitáveis.

Se você suspeita de baixa testosterona, procure um urologista. O tratamento correto começa pelo diagnóstico clínico, não por promessas de performance.


Dr. Pedro Bastos Guimarães de Almeida
Urologista em Juiz de Fora | CRM-MG 48089 | RQE 31390
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